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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Guerra Civil

            A guerra civil russa foi um conflito armado que eclodiu em abril de 1918 e terminou em 1921. Durante este período, exércitos e milícias de diversas correntes políticas se enfrentaram com o objetivo de implantar o seu próprio regime de governo.  As partes em conflito incluíram ex-generais Czaristas, Republicanos Liberais (os cadetes), o Exército Vermelho (bolcheviques), milícias anarquistas (o Exército Insurgente Makhnovista), tropas de ocupação estrangeiras e o campesinato russo revoltado com a política de confisco de grãos imposta por Lênin, a partir de 1919. 
Em várias regiões da Rússia, ex-generais czaristas levantaram suas tropas contra o governo Bolchevique, fundando o movimento Branco, que ficará conhecido como Exército Branco. Aproveitando-se do verdadeiro caos em que o país se encontrava, as nações aliadas resolveram intervir a favor dos Brancos. Tropas inglesas, francesas, americanas e japonesas desembarcaram tanto nas regiões ocidentais (Criméia e Georgial) como nas orientais (ocupação de Vladivostok e da Sibéria Oriental). Seus objetivos eram: derrubar o governo Bolchevique e evitar a "contaminação" da Europa Ocidental pelos ideais bolcheviques. 

Imagem: FIGES, Orlando. A Tragédia de um Povo, A Revolução Russa – 1891 – 1924. Adaptado. Record, 1999.

O governo bolchevique prontamente institui o Exército Vermelho, comandado por Leon Trotsky que se revelou um brilhante estrategista militar e disciplinador rígido.
No terreno econômico, instituiu-se o "comunismo de guerra". O dinheiro e as leis do mercado foram abolidos, sendo substituídos por uma economia baseada no confisco de cereais produzidos pelos camponeses. Naturalmente estas medidas criaram uma revolta no campo, levando-os a produzirem exclusivamente para o sustento de suas famílias e pior os camponeses foram proibidos de vender livremente seus excedentes e os bolchevistas, exigindo cotas de produção acima das possibilidades do campo, empobreceu-os radicalmente, gerando escassez de alimentos.
Segundo FIGES (1999) os bolcheviques instituíram o Terror Vermelho, já o Exército Branco e os cossacos instituíram o Terror Branco. O Terror Branco consistia em pogroms: invasão de localidades judaicas promovendo destruição, pilhagem, violência, estupros coletivos e extermínio de judeus. Estrelas vermelhas apareciam pintadas nas sinagogas, judeus eram levados como reféns e fuzilados, eram considerados apoiadores dos bolcheviques, pois os bolcheviques eram compostos por alguns importantes personagens revolucionários de ascendência judaica. Segundo FIGES (1999) ao tomar uma cidade dos Vermelhos, os oficiais Brancos tinham por hábito conceder as tropas dois ou três dias de licença para pilharem e matarem quantos judeus quiser.



Politicamente, os bolcheviques iniciaram a luta final contra outras facções da esquerda (mencheviques, anarquistas e social-revolucionários), terminando por se transformarem no único partido legalizado do país.
Na passagem dos anos de 1920 – 1921 todas as formações contra-revolucionárias haviam sido derrotadas e seus principais expoentes (Koltchak, Wagran, Denikin e Yudenich) exilaram-se no exterior. As forças expedicionárias aliadas foram obrigadas a retirar-se, tanto pela derrota dos Brancos, como pela pressão da opinião pública internacional. 
 
Os Vermelhos torturam um oficial inimigo, durante a guerra contra a Polônia, em 1920; o homem foi dependurado nu, de cabeça para baixo, espancado, cortado, empalado e torturado até a morte.
Imagem: FIGES, Orlando. A Tragédia de um Povo, A Revolução Russa – 1891 – 1924. Record, 1999.
          
           No início de 1921, encerrava-se a guerra civil, com a vitória do Exército Vermelho. O Partido Bolchevique, que desde 1918 havia alterado sua denominação para Partido Comunista, consolidava a sua posição de partido único no governo. Era a consolidação da ditadura Bolchevique, do ‘Todo Poder ao Partido Comunista’ e o surgimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.).
           Fica evidente no estudo da História Contemporânea um elo histórico entre: Marxismo, Leninismo, Stalinismo e Nazismo.
           “Criação da União Soviética”
           Terminada a guerra civil, a Rússia estava completamente arrasada, por volta de 1921 e 1922, 30 milhões de russos foram atingidos por uma crise de fome monstruosa, prontos a perecerem, segundo FIGES (1999, p. 952): “O maior de todos os males da época, responsável pelo extermínio de cinco milhões de vidas, foi a grande fome de 1921-1922”. Quando a Cruz Vermelha e a American Relief Administration (Administração de Auxílio Americana), trouxeram mantimentos, alimentando dez milhões de pessoas por dia, já era um pouco tarde: cinco milhões já tinham perecido pela fome. Se não fosse a ajuda internacional e, em particular, a ajuda norte-americana, com o apoio logístico do exército dos Estados Unidos, mais pessoas morreriam.      Pensando na sobrevivência da ditadura bolchevista, Lênin criou, em fevereiro de 1921, a Comissão Estatal de Planificação Econômica ou GOSPLAN, encarregada da coordenação geral da economia do país. Pouco tempo depois, em março de 1921, adaptou-se um conjunto de medidas conhecidas como Nova Política Econômica ou NEP.
           Entre as medidas tomadas pela NEP destacam-se: liberdade de comércio interno, liberdade de salário aos trabalhadores, autorização para o funcionamento de empresas particulares e permissão de entrada de capital estrangeiro para a reconstrução do país.
           O Estado russo continuou, no entanto, exercendo controle sobre setores considerados vitais para a economia: o comércio exterior, o sistema bancário e as grandes indústrias de base.
           Em dezembro de 1922, foi organizado um congresso geral de todos os Sovietes, onde foi decido pela fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O governo da União, cujo órgão máximo era o Soviete Supremo (Legislativo), passou a ser integrado por representantes das diversas repúblicas. Competia ao Soviete Supremo eleger um comitê executivo (Presidium), dirigido por um presidente a quem se reservava a função de chefe de estado. Competiam ao governo da União as grandes tarefas relativas ao comércio exterior, política internacional, planificação da economia, defesa nacional, entre outros.
           Com a morte de Lênin em 1924, a ascensão de Stalin ao poder estava assegurada.

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